sexta-feira, 20 de agosto de 2010

E um pouco mais.

"Lembro-me da base lunar Alfa e da série Espaço 1999, já sabemos que a sua profecia não se vai cumprir, não irá haver nenhuma base lunar daqui a três anos, falta de verba será, mas, mas, mas, por ter sido feita depois do 2001 e antes da Guerra das Estrelas, o espaço ainda nõa era um sítio barulhento, e as naves partima em silêncio. No espaço, vácuo imperfeito, não há som, as estrelas explodem de pasmo, as nebulosas cumprimentam-se, as galáxias dançam, na ausência de qualquer melodia, ruído sequer.
Assim nos afastamos.
O teu silêncio, só cortado muito ocasionalmente, começou pouco depois de iniciarmos esta nossa história.  Cujo único defeito, dirás, terá sido se calhar o início!
Sempre julguei que algo te prendia e te fazia calar, equivoquei-me. Essa prisão sempre foste tu. Que é a maior prisão que se pode ter (...).
(...)
Daqui a uns milhões de anos, portanto, o Sol abrirá as comportas do seu calor até Marte, ou Júpiter, a Terra será lambida no entremeio, estaremos então na coroa externa de um Sol enorme e vermelho que também então explodirá - mais modestamente - como Nova, produzirá a sua nebulosa planetária e pronto, também acabará como estrela de neutrões, anulada que não morta.
Não me revejo muito nestas coisas todas porque como já disse nada disto faz barulho. Estarei em expansão, talvez, não sei para onde, nem donde, mas talvez seja isto o que as estrelas sentem, morrer sem morrer, suprema tortura.
E à palavra silêncio volto, ou ao silêncio que não à palavra.
(...)
Os Intensivistas habitualmente são pessoas felizes e chegam aos oitenta anos. Têm uma relação de amizade com a doença grave, a mesma doença que o Internista vitupera e tenta vencer. Formas distintas de saber perder, julgo.
Na política os mais imaginosos inventam sempre a 3ª via, igual que na ponte sobre o tejo. Em desespero de causa, a 3ª via pode ser motivo de graves acidentes, choques aparatosos, quedas ao rio após cambalhota e desvio.
A 3º via, dizem, é um segredo bem guardado que reside numa canção de George & Ira Gershwin."

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