Os tártaros de mítico não têm nada. Existem, têm a sua república autónoma com capital em Kazan, uma cidade com mais de um milhão de habitantes, o seu presidente deve ser da confiança de Putin, para variar. E no entanto, o povo tártaro sempre funcionou como espelho oposto ao povo russo. Parte da Horda de Ouro, o império mongol que dominou as estepes durante séculos, os tártaros são um povo cuja língua pertence à família turca, e são maioritariamente mulçumanos. O príncipe Alexandre Nevsky, o herói de Eisenstein e considerado a maior figura da história russa, foi vassalo da Horda Dourada e propositadamente evitou quaisquer problemas com os tártaros e os mongóis, a imagem perfeita da velha tentação e fixação asiática da Rússia.
Posto isto, chamar destartarização à pestilente operação de remoção daquelas concreções que nos rodeiam os dentes e a médio prazo ameaçam a sua existência, é quase um insulto. Em Moscovo como se chamará isto, em linguagem de dentista? "Desciganização"? Aí vêm os comentários de indignação, que fixe!
Bom, era isto, a minha dentista de estimação procedeu-me à 1ª destartarização da minha vida, Kazan que me desculpe. Ah, só queria ainda lembrar que Kazan é para cá dos Urais, donde Europa! Não sabiam, pois não?
Agora só falta, para a civilização completa da minha dentadura, o branqueamento...
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