Foi há duas horas, não mais, molhei os pés na praia da Boa Nova. Estava um mar de sargaço, a maré depositando onda após onda de longas e grossas algas verdes escuras. Punha-se um sol dourado como se pede, fazia o vento que é hábito fazer, uma família tê dois mais dois brincava pela praia. Pois. E eu ali pelo meio, fumando o meu cigarro de gaja, seguindo o desenho da água a escoar-se por perfeitos canyons de areia. Foi numa praia da Memória assim cheia de sargaço que há, quê, seis anos para aí a minha filha foi picada por uma vespa na face anterior da coxa esquerda, deu que fazer mas hoje só já tem uma pequena e gira marca circular que na prática só acrescenta interesse a uma perna que lenta mas a tempo está a adolescer. Uma... discromia!
Talvez também termine assim esta minha história, este sangrar que não pára, puta, porque não pára, porque não vem finalmente o juízo e desce sobre mim como línguas de fogo e fico subitamente eu mais sabedor, mais calmo, ou um pouco menos estúpido? Talvez daqui a uns anos, na minha filha contámos sete, apenas uma pequena marca fique, onde não saberei bem dizer, e que não retire mas acrescente, não sei, sete anos, não tenho esse tanto tempo assim...
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