Do outro lado da rua umas acácias, três, anteparam o novo-riquismo do CC Península. Este centro comercial agradece a vizinhança do Cidade do Porto, passando por elegante e discreto pela absoluta contraposição de estilos, mais aparente do que real.
Das acácias um par delas contrói em conjunto um agradável coberto vegetal, tão frondoso quanto um par de acácias se pode permitir em termos de exuberância de folhagem no meio de uma cidade.
Paro debaixo, rodo, espero, aspiro. Repara, nem eu sei se estou debaixo da árvore certa. Nem as árvores aliás nos fazem a vontade, quer-se mais em flor a da esquerda e a cor insulta-nos com a sua alegria ao centro ou à direita mais abaixo quem cede e ruma para o Cidade do Porto...
Estou parado debaixo deste manto de verde citadino, portuense.
Estou parado debaixo deste manto de verde citadino, portuense.
Não posso estar parado assim tanto tempo, não é tempo para, é contra... Mas estou.
Aspiro. Espero. Ainda espero.
Já percebi o truque de uma certa solidão. A ideia é, por onde se ande, criar e apor pequenos raciocínios, piadas, imagens, aforismos que quando voltamos a passar nos sustentam, apoiam, loops internos de retro-alimentação do sistema. Estes circuitos podem ser aplicados a uma árvore bem como a uma montra, uma esquina, todo um edifício, um buraco no chão, uma pessoa que pede, um polícia que multa por aquela zona todos os dias, para melhor alimentar a família, ou por perverso prazer. Por outro lado, pode criar-se um diálogo com estas coisas interagindo como que em segredo - caminhar sob a árvore vigiando-lhe a floração, dizer que não ao pedinte, comprar cento e cinquenta gramas de aqui e não ali, e vejamos como está esta montra hoje. Entrar e sair e entrar. Alguns destes percursos terão quase algo de supersticioso. Outros não, vão-se inventando.
Tanto por aprender. E de e para mim falo, esclareça-se.
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