quinta-feira, 15 de julho de 2010

Do The Right Thing.

"Do The Right Thing" é um filme de Spike Lee que eu vi há muitos anos no cinema. O primeiro filme de Spike Lee era uma comédia de costumes in black & white, "She's Gotta Have It". "Do The Right Thing" defende o direito ao motim, quando este se justifica. Eu defendo o direito ao erro, quando este se justifica. Passo a explicar. Uma das minhas imagens favoritas é a dos movimentos brownianos. Convém de quando em vez recordar em que consiste a base da coisa para que não se perca o pé nos raciocínios: "o movimento browniano é o movimento aleatório de partículas macroscópicas num fluido como consequência dos choques das moléculas do fluido nas partículas". Pode parecer que o meu caminhar em tudo se assemelha a estes movimentos brownianos, onde uma macropartícula realmente vai daqui até ali como resultado do sucessivos integrais das forças assimétricas que a rodeiam, não tendo vontade própria no seu caminhar. Não. Posso tentar outra imagem? Lembro-me de ler os textos de farmacologia e chegar à conclusão que a velha ciência anti-inflamatória consistia simplesmente em sucessivas tentativas e erros: os vários anti-inflamatórios eram equipotentes se adequadamente doseados, esta ou aquela pessoa respondiam melhor a este ou aquele fármaco, era só experimentar. Apresento-vos a rapariga ibuoprofeno, além está o rapaz nimesulide. Vamos deixar a lógica inflamatória mais seus antídotos e derivemos para o vocábulo "dor" e respectivos analgésicos. Doi-me esta alguma coisa, e remite, e repete, e reproduz-se dia após dia. Analgesia? Vamos tentando, vamos tacteando. Hoje erro, se calhar amanhã não.
Perdi-me do raciocínio que se iniciava no Spike Lee. Isto dos movimentos brownianos sabe-se lá onde acabam por levar... Se o meu principal motivo de percurso é a analgesia mais profunda, busco que a medida que meça o que sou, e portanto medirá o que faço, acuse um baixo índice de maldade conscientemente buscada e acontecida. A correcção não obriga ao acerto, eu sei. E a demasiada às vezes aborrece.
E porém, peço alto e em bom som o meu direito ao erro, pois que, à minha maneira, tento.
P.S.: o fotograma acima não tem nada a ver com o filme do Spike Lee.

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