quarta-feira, 14 de julho de 2010

As mopas da manhã.


Pelo muito trabalho que me tem acontecido, com frequência amanheço na companhia feminina de uma senhora duma empresa de limpeza que todos os dias se dedica a optimizar a dita limpeza da sala onde trabalho. Descreve-la-ei como "ainda jovem", expressão detestável, até porque desconheço por completo se ainda se me poderá aplicar a mim. Usa óculos e tem uma expressão corrida, discreta, algo ansiosa. Hoje de manhã comentou-me que "as mopas ainda não tinham subido", o que manifestamente estava a atrasar-lhe o trabalho, e mais algumas considerações fez sobre horários e organização dos (seus) serviços, tudo isto enquanto limpava o chão, os tampos das mesas, os teclados dos computadores, eu não, que não qualifico para ser objecto de limpeza, não pertencerei ao seu roteiro de trabalho. Respondi algo ininteligível, acho, o que correspondia ao meu grau de prontidão naquele momento.
Vou tentar saber o seu nome, acho sempre que se conhece melhor alguém quando lhe sabemos o nome, mínima transacção que se faz num instante, e não esqueçamos que esta vida não é mais do que uma feira onde tudo se troca, compra ou vende, a bondade ou a maldade do gesto transitário dependendo do sujeito... e do horário... 

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