Pelo muito trabalho que me tem acontecido, com frequência amanheço na companhia feminina de uma senhora duma empresa de limpeza que todos os dias se dedica a optimizar a dita limpeza da sala onde trabalho. Descreve-la-ei como "ainda jovem", expressão detestável, até porque desconheço por completo se ainda se me poderá aplicar a mim. Usa óculos e tem uma expressão corrida, discreta, algo ansiosa. Hoje de manhã comentou-me que "as mopas ainda não tinham subido", o que manifestamente estava a atrasar-lhe o trabalho, e mais algumas considerações fez sobre horários e organização dos (seus) serviços, tudo isto enquanto limpava o chão, os tampos das mesas, os teclados dos computadores, eu não, que não qualifico para ser objecto de limpeza, não pertencerei ao seu roteiro de trabalho. Respondi algo ininteligível, acho, o que correspondia ao meu grau de prontidão naquele momento.
Vou tentar saber o seu nome, acho sempre que se conhece melhor alguém quando lhe sabemos o nome, mínima transacção que se faz num instante, e não esqueçamos que esta vida não é mais do que uma feira onde tudo se troca, compra ou vende, a bondade ou a maldade do gesto transitário dependendo do sujeito... e do horário...
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